Dyógenes Chaves abre temporada 2019 na Galeria Archidy Picado com a exposição “Ora Pro Nobis”

Uma explícita homenagem aos artistas Andy Warhol e Robert Rauschenberg em que apresenta obras que eles poderiam ter realizado à época dos anos 60/70, salvo algumas diferenças político-sociais entre as Pop Art americana e brasileira.

É assim que o artista visual Dyógenes Chaves define a exposição “Ora Pro Nobis”, que poderá ser vista pelo público a partir desta quinta-feira (28), na Galeria Archidy Picado do Espaço Cultural José Lins do Rego. A abertura será às 19h e o período de visitação se estende até 3 de maio.

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“Para a produção das obras, me utilizei do processo serigráfico (silk-screen), antes muito usado por estes artistas pop norte-americanos e/ou pela indústria publicitária para divulgar a imagem de um produto, em um cartaz ou embalagem. Aqui, a serigrafia ganha status de arte quando reproduzo, ampliado e em série, o rosto de Nossa Senhora, mito que virou ‘santinho’ e adesivo de plástico para automóveis, amplamente distribuído entre católicos brasileiros. Aliás, sempre me apropriei da serigrafia como ferramenta de trabalho. Da impressão de gravuras para outros artistas, nos anos 1980, desenvolvi um método pessoal de “estampar” minhas pinturas como obra única, ao contrário da produção em série (limitada, diga-se) tão comum na produção de gravuras”, diz Dyógenes Chaves.

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Ao optar pela serigrafia, um meio quase totalmente artesanal, o artista atenta para a importância do uso das “mãos” na construção dos objetos e produtos, algo cada vez mais raro no mundo contemporâneo, repleto de máquinas comandadas por outras máquinas. Hoje, tudo parece ser produzido em série, em escala industrial, para atender milhões de consumidores. Tudo tem gosto e cheiro de plástico.

Nesta mostra, Ora pro nobis, há clara intenção de juntar sagrado e profano, ao mesmo tempo de propor um rosário de signos e significados. Por isso, a escolha da imagem da Virgem Maria, por ser um ícone nacional. Afinal, a alienação da sociedade deve (e muito) ao fanatismo e às arcaicas normas difundidas pelas religiões.

Tal como no movimento pop art, Dyógenes se apropria de imagens da propaganda – religiosa, claro – trazendo-as para o discurso artístico. As imagens do consumo e do marketing passam a ser, ironicamente, a musa inspiradora da arte. Os ícones “sagrados” tornam-se o papel de embrulho do cotidiano. Algo como a banalização do sagrado ou o contrário: a sacralização do banal.

Por outro lado, a pop art (e sua aparência tão gráfica, tão publicitária) também ajuda a observar o meio urbano como paisagem, hoje excessivamente poluído por placas de outdoor de pouca inteligência e de luminosos de mau gosto. Além disso, cada vez mais apinhadas de gente e de automóveis, nossas cidades refletem o caos de uma sociedade tão carente, violenta, egoísta e desumana.  Enfim, a obra (a exposição) pode até apontar para outras reflexões e questionamentos: é uma santa? A santa é um produto de marketing? Ou de adoração? Ou é apenas uma gravura?

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DYÓGENES CHAVES

 

Araçagi-PB, Brasil, 1959. Vive e trabalha em João Pessoa-PB desde 1966. Artista visual, designer gráfico, gravador, curador independente e membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte-ABCA e Associação Internacional de Críticos de Arte-AICA. Frequentou cursos de iniciação (história da arte, desenho e pintura) na Coordenação de Extensão Cultural da Universidade Federal da Paraíba-Coex (João Pessoa, 1974-75) e de desenho e gravura na Fundação Espaço Cultural da Paraíba-Funesc (João Pessoa, 1984).

Bolsista do Ministére des Affaires Étrangères (França) na École Supérieure des Beaux Arts Luminy (Marselha/ França, 1997-98). Professor do Curso de Produção em Moda (Funetec/IFPB) e do Curso Superior de Moda (Unipê). É consultor do Sebrae-PB na área de Estamparia têxtil. Ex-coordenador de artes plásticas da Funesc (João Pessoa, 1993-2010) e ex-diretor da Galeria de Arte Archidy Picado. Curador das Bienais de Gravura e de Desenho (Fenart, João Pessoa), coordenador de intercâmbio internacional das associações Le Hors-Là Paraíba (Brasil-França) e REDE (Brasil-Suíça). Avaliador do Programa de Cultura Banco do Nordeste (Artes visuais, 2009-2011) e do Funcultura (Artes visuais, Fundarpe, Recife, 2011).

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Atuou como jurado e palestrante em diversos Salões e Fóruns de Artes Visuais. Editor das revistas Segunda Pessoa e Cadernos de Cultura (João Pessoa). Colaborador (Artes visuais) nos jornais O Norte e A União/Correio das Artes (João Pessoa, 2005-2010), e no jornal da ABCA. Organizou o livro Núcleo de Arte Contemporânea da Paraíba-NAC (Coleção Fala de Artista/Edições Funarte, Rio de Janeiro, 2004) e publicou o Dicionário das Artes Visuais na Paraíba (Fundo Municipal de Cultural-FMC/Funjope/ Edições Linha D’Água, João Pessoa, 2010).

Membro do Colegiado Setorial de Artes Visuais-CSAV/MinC (2005-2009 e 2010-2012) e do Colegiado Setorial de Moda-CSM/MinC (2013-2014). Suplente do CSAV no Conselho Nacional de Política Cultural-CNPC/MinC (2010-2012). Curador da Usina Cultural Energisa.

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