A Missão de Pesquisas Folclóricas e sua importância para a cultura Paraibana

Um evento grandioso, a Missão de Pesquisas Folclóricas tem seu projeto pensado e idealizado por Mario de Andrade na década de 1930, sendo iniciado seus trabalhos em Janeiro de 1938, vindo a percorrer estados do Nordeste e Norte do país com equipamentos da mais alta tecnologia que se tinha conhecimento na época para capitação de som e vídeo. O objetivo de tal proposito era registar a musicalidade, a dança e o imaginário popular.

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Com o financiamento da prefeitura de São Paulo, através de seu Departamento de Cultura, do qual Mario de Andrade foi diretor entre 1936 e 1938, a Missão percorreu os estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí, Maranhão e Pará. Ficando com a chefia de tal Missão, por nomeação de Andrade, o arquiteto e etnógrafo Luís Saia, que chega à Paraíba com mais integrantes da Missão no dia 23 de Março, permanecendo, toda a equipe, até 30 de Maio.

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Tribo Indígena Africanos, João Pessoa/PB. A Tribo foi fotografada e filmada pela Missão no antigo bairro da Torrelândia, recebendo na época a denominação de “Caboclinho”.
Fonte: http://www.acervosdacidade.prefeitura.sp.gov.br/

Durante esses dias foram percorridas mais de 20 cidades da Paraíba passando pela capital, João Pessoa, e municípios do brejo, agreste e sertão do estado. Em todas estas localidades é documentado através de fotografias, filmes curtos, gravação sonora e anotação em cadernetas, muito da diversidade cultural paraibana de então: são registrados Tribos Indígenas (denominada de “Caboclinhos” pela equipe), Congos, “Cabindas”, “Bumba-meu-boi”, grupos de Coco de Roda, Cantorias de Pedintes, Repentistas, Nau Catarineta (Barca), Juremeiros, Toadas e Aboios.

Reis do Congo – Pombal/PB. Fonte: http://www.acervosdacidade.prefeitura.sp.gov.br/

Impressiona a imensa lista de registros dessas diversas brincadeiras populares paraibanas deixado pela Missão, são documentos riquíssimos e imprescindíveis que podem contribuir com a salvaguarda da cultura local e com a tarefa de levar a um conhecimento mais amplo da nossa cultura. Temos vídeos e fotos do Coco que era realizado na praia de Tambaú, na Baía da Traição, registro do culto de Jurema no então denominado bairro da Torrelândia (Hoje, bairro da Torre). Imaginem o quanto pode ser positivo essas fotos, vídeos e outros registros em um espaço de memória da cultura local, ou mesmo os grupos que ainda hoje atuam e foram registrados pela Missão tendo acesso a esse material.

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Coco na praia de Tambaú, João Pessoa/PB. Em destaque nessa foto, com o Ganzá na mão, encontra-se o possível mestre desse Coco, João Fulô. Fonte: ww2.sescsp.org.br/sesc/hotsites/missao/

A Paraíba foi o estado onde a Missão de Pesquisas Folclóricas mais recolheu materiais fotográficos, filmes curtos, gravações sonoras, vestimentas, instrumentos e outros materiais; Além de anotações em cadernetas descrevendo diferentes características dos variados grupos. Mesmo podendo cumprir uma boa tarefa, contribuindo com o fortalecimento da cultura, memória e identidade paraibana, muitos desses registros ainda não foram se quer divulgados.

Diante do exposto acima, fica a proposição de maior divulgação de tal acervo, junto a construção de espaços para sua divulgação, seja em cedes de grupos registrados, seja em um espaço de memória (algo escasso na Paraíba). Os paraibanos e paraibanas só tem a ganhar com o projeto proposto.     

Texto: Diego Canuto

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Fontes: AYALA, Maria Ignez Novais; AYALA, Marcos (Orgs.). Cocos: alegria e devoção. Natal: EDUFRN, 2000.

SODRINI, Carlos. O Acervo da Missão de Pesquisas Folclóricas. 2014. Disponível em > http://www.seer.unirio.br/index.php/revistadebates/article/viewFile/3863/3421. Acessado em: 05 de Abril de 2017.

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