O paradoxo da maternidade na modernidade

Prática e independente, a mulher moderna redefine seu papel como mãe na sociedade.

 A conquista dos direitos da mulher, os benefícios da tecnologia e as praticidades provenientes dos avanços da ciência estabelecem à primeira vista, uma relação profícua entre maternidade e modernidade onde é possível entender, de forma superficial, que as condições geradas são as mais propícias e encorajadoras para se ter filhos. No entanto, o que percebemos é uma contínua retração da taxa de natalidade nacional que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 12 anos reduziu cerca de 13%. Observou-se ainda um crescente número de famílias que optam por não ter filhos. Segundo a última edição da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE (SIS), a proporção de famílias formadas por casais sem filhos cresceu de 14,7% para 19,9% no Brasil no ano 2014.

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A Maternidade na contemporaneidade constitui-se de grandes polêmicas e contradições, apesar de oferecer amparo legal para os devidos cuidados com o bebê, as condições de vida atuais afrontam o desempenho tradicional do papel de mãe estabelecendo um cenário caracteriza um grande paradoxo.

Fruto de muitos anos de luta por validação de seus direitos, a mulher aumentou sua participação no mercado de trabalho, tornou-se beneficiária das leis trabalhistas e viu sua posição social evoluir a duros e firmes passos, mas isso não a desvinculou completamente do papel histórico levando-a a assumir e acumular funções e exercer mais papéis sociais. “A pressão sobre a mulher é absurda. Eu não pretendo ser mãe, não me vejo cuidando de ninguém. Serei ótima tia” afirmou Sara Mariane, 29 anos, graduanda em letras. As estatísticas demonstram que esse pensamento pode ser compartilhado por muitas mulheres que optam por não assumirem o papel de mãe.

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Não obstante, mesmo não renegando a possibilidade de maternidade, muitas mulheres aguardam por um período bem mais longo para considerar ser mãe. O número de mães de primeira viagem com mais de 30 anos aumentou 22,5%, em 2000, para 30,2%, em 2012, de acordo com estudo Saúde Brasil, do Ministério da Saúde.

A produtora de TV, Jailma Simone, 33 anos, grávida de 5 meses, diz que “Não esperava engravidar agora. Sempre fui uma pessoa muito prática, voltada para minha carreira e vida profissional, não pensava em um filho agora, mas estou muito feliz. Minha preocupação é toda com ele. Não enfrento problemas quanto ao trabalho, mas reorganizo toda minha rotina para estar descansada e não o prejudicar”.

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A mudança identificada ao longo das últimas décadas na construção social da mulher, apesar de ainda estar em andamento tem ganhado, cada vez mais, notoriedade uma vez que esse panorama influencia não apenas o âmbito privado, mas o público e a economia nacional como um todo. Conforme informado pela SIS, em um futuro, relativamente, próximo, o país aumentará sua população velha e com isso virá o incremento nas aposentadorias e a redução de pessoas com idade economicamente ativa.

A contemporaneidade traz questionamentos sobre a maternidade redefinindo essa noção que encontra-se, aparentemente, em uma transição que une uma visão tradicional do que é ser mãe em um mundo onde ela não se enquadra.

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