A banda paraibana que conta com três integrantes; Ruanna Gonçalves, Morgana Morais e Marcondes Orange, já soma quase três anos de existência.
Na trajetória, Gatunas carrega singles lançados com letras fortes que tratam de dores, amores e bastante empoderamento feminino. Com uma Bela bagagem, a banda lança nesta sexta-feira (14), o seu primeiro EP, intitulado Gata de Rua.
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De acordo com os integrantes , o trabalho é fruto de muita dedicação e luta pela música independente. Gata de Rua traz cinco canções autorais que mostram a versatilidade da banda: Gata de Rua, Transborda, Frida, Fula e Negra de Ginga. Indo do blues ao carimbó, as músicas trazem o protagonismo feminino como principal tema.
Antes do lançamento do EP, a banda disponibilizou em seu canal do Youtube a música tema “Gata de Rua” para o público sentir um gostinho do que vem por aí. Confira clicando aqui.
“Escolhemos as músicas desse primeiro EP com o objetivo de mostrar as fases de uma personagem que passa por situações complicadas em relacionamentos amorosos e, no decorrer das músicas, vai se empoderando e se libertando. Nesse EP, o discurso político vem mais nas entrelinhas. Diferente de outros materiais que já lançamos. Mas, em todas as canções, a luta feminina está presente, mesmo que seja em processos mais subjetivos.”, explica a guitarrista e cantora de Gatunas Ruanna Gonçalves.
A baixista e também vocalista da banda, Morgana Morais completa: “Em todos os sentidos, o EP mostra uma mulher conquistando o espaço que há muito tempo lhe foi tirado, como o palco. Ele mostra a mulher se libertando de um relacionamento abusivo e, no final, festejando por ser madura e dona de si”.
A luta de Gatunas pelo protagonismo feminino se revela em todo o EP, tanto que a banda convidou apenas artistas mulheres para as participações musicais. “Tivemos a honra de contar a potência vocal de Val Donato, as teclas de Laís Oliveira e poemas de Débora Gil Pantaleão em Transborda e Aysha Adab em Frida. Também tivemos os batuques e efeitos de Priscila Fernandes e Katiusca Lamara em Negra de Ginga. E a presença percussiva de excelência da maravilhosa Del Santos em quase todo o EP”, contou Ruanna.
O baterista Marcondes Orange destaca a importância das convidadas. “As participações foram de mulheres incríveis do cenário musical paraibano. Uma honra poder tê-las dentro desse nosso projeto. Porque o enfrentamento que é feito pela banda será representado de todas as formas. Desde as artes das capas, às escolhas e sequência das músicas, às participações, até o resultado final de todo esse processo”, ressaltou.
O fato de a banda prezar pelo protagonismo feminino não quer dizer que homens não possam apoiar o projeto. Por acreditar em um feminismo inclusivo, no qual homens podem ser aliados nessa luta, o EP Gata de Rua conta com a participação de parceiros que contribuíram para a produção, gravação, masterização e criação de músicas, vídeos e artes como os produtores musicais, Felipe Gomes e Rayan Pontes, o fotógrafo e editor de imagens, Ricardo Pinto e o designer Leonardo Guedes.
“Escolhemos o Estúdio M para gravação por que já era um estúdio parceiro. Tudo foi feito com Felipe Gomes, que foi o produtor musical e direcionou as músicas junto com a banda. A mixagem, edições e a masterização foram feitas por Rayan Pontes. Ele foi mais do que um parceiro nessa nossa trajetória. Assim como no EP, eles também participaram das outras músicas já lançadas. Ricardo fez os teasers e lyrics videos que sairão, além de fazer parte da produção sempre nos fotografando nos shows, fez as últimas gravações da nossa live na Casa do Kaos. Léo foi o autor da capa do disco e já tinha uma parceria com a gente desde o single Ode ao Bozo”, contou Morgana.
Trajetória, desafios e oportunidades
Apesar de destacarem todos os problemas que sofrem por Gatunas ser uma banda independente em um cenário nada favorável, os integrantes da banda souberam aproveitar as oportunidades e aprenderam com as dificuldades da estrada.
“Cada show foi um desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de mostrar a representatividade feminina, provando para três pessoas ou para 15 mil que mulher pode estar onde quiser, no nosso caso, no palco, tocando e falando sobre assuntos atemporais, política, feminismo, questões de gênero e LGBTQIA+”, afirma a baixista.
Para Marcondes, as transformações que a banda passou, com mudanças de integrantes, início de composições etc., fez com que os três se sentissem mais seguros e entrosados. “A gente acredita que tudo foi fluindo pra chegarmos até onde chegamos. Estamos em formato power trio, então, estamos mais tranquilos, não só pelo tempo, mas pela nossa vivência e experiências adquiridas. Claro que quem passou pela banda foi muito importante e faz parte da nossa história, isso contribuiu para que a gente chegasse até aqui”, disse.
Nesse momento tão importante para a banda, eles lembram como é produzir arte com um orçamento tão curto. “O lado financeiro foi uma das dificuldades. Não porque a gente esperava viver de música ou pagar nossas contas pessoais com dinheiro da música, até porque tudo que recebemos de cachê, sempre investimos na banda: ensaios, viagens para nos apresentarmos, gravações… Tudo! O machismo na cena também foi um fato que dificultou algumas coisas, mas as meninas podem explicar isso muito melhor do que eu”, declara o baterista.
“Sempre costumo dizer que ser artista independente é uma guerrilha, ser artista na e da Paraíba é complicado, e ser então, artista mulher triplica as adversidades, mas a gente enfrenta e faz o que ama. Por isso que em nossos shows tentamos diversificar, seja nas músicas, seja na própria banda. A diversidade é algo pelo qual devemos lutar sempre, sabendo que ser mulher já é um ato político”, reconhece Morgana.
Ruanna recorda que a trajetória de gatunas é marcada por muita dedicação e de luta em fazer a arte que a banda acredita: “Cada palco traz uma experiência diferente e a gente tem conseguido ‘desenrolar’ bem. Assim, a gente conseguiu seguir e se fortalecer enquanto banda, mesmo passando por várias reconfigurações. As mudanças nos reinventaram e a cada dia ficamos mais entrosados e seguros com o que fazemos. Quando estabelecemos esse formato power trio decidimos aceitar quase todas as propostas de shows que chegavam. Se tivesse um som bom, a gente ia, isso porque eu e Morgana precisávamos adquirir segurança pra cantar além de tocar. Assim, todo final de semana estávamos fazendo shows e fomos construindo um público. Foi dessa forma que, por exemplo, agregamos Ricardo Pinto e Rayan Pontes, duas pessoas essenciais na produção de Gatunas”.
Gata de Rua
O EP leva como nome Gata de Rua e a faixa título é a primeira música do projeto e foi lançada no último sábado em formato de lyric vídeo no canal oficial da banda no Youtube. “A canção foi um presente de um grande artista da terra, Falcão, do Seu Pereira. Ela se encaixou muito bem como a música de abertura dos nossos shows e a letra também tem haver com o nome da banda. Digamos que foi um ‘combo’ que deu certo demais”, garante Marcondes.
A música Gata de Rua foi composta inicialmente por Jonathas Pereira Falcão, que presenteou a Gatunas. Então, a banda começou a trabalhar na música, dando a sua identidade. Hoje a composição é uma parceria entre Pereira e Gatunas.
“Gata de Rua traz uma ideia de empoderamento, de autonomia, da mulher que tem sua independência e que batalha pra vencer no dia a dia. Além disso, a letra dessa música fala muito sobre o cotidiano da banda, por sermos mulheres tocando por vários palcos diferentes, enfrentando vários desafios a cada show”, afirma Ruanna.
Agora, faltando poucos dias para lançar o EP, a ansiedade toma conta da banda. “A expectativa é de que o público possa se envolver com as nossas músicas, fazer com que as pessoas transitem nesse nosso som que é tão diverso”, diz Ruanna. “A gente espera que as pessoas curtam, se identifiquem, se revoltem, chorem, amem, compartilhem… Consumam bem muito e sem moderação. Pois tudo foi feito com bastante carinho”, finaliza Orange.
Fonte: Gatunas/ SLP
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