Por Robson Martins
Em todo o Brasil, o mês de junho é marcado pelas rezas e comemorações de rua em louvor aos três santos mais festejados do Nordeste: são Pedro, o chamado “porteiro do céu”; Santo Antônio, o casamenteiro; e são João, o festeiro. Nossas fogueiras, que outrora revelaram à Virgem Maria o nascimento do primo de Jesus, João Batista, filho de Isabel, hoje fazem reverência a são João. O fato é que a Festa Junina não existe sem esses santos.
Pelas cidades do país espalhou-se a tradição de comermos algumas comidas típicas e dançarmos forró, xaxado e baião, estilos musicais fortemente presente no período junino. Outra tradição brasileira são as famosas quadrilhas juninas, que tiveram sua origem nas zonas rurais da Europa e logo que chegaram ao Brasil em meados do século XIX expandiram-se por todo território nacional, especialmente pela região Nordeste.
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Os estados da Paraíba e Pernambuco são os que possuem as maiores festas de São João do mundo, e também os maiores concursos de quadrilhas juninas. Quando pensamos na apresentação dessas quadrilhas é comum lembrarmos do “anarriê, anavantur e balancê”, mas as quadrilhas juninas atuais se modernizaram. Assim como os desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro e São Paulo, as quadrilhas anualmente trazem temas diferenciados, casamentos matutos, cenários e figurinos personalizados feito por artesãs, nas próprias residências dos componentes do grupo. Geralmente, as quadrilhas que são bem avaliadas recebem prêmios em dinheiro, e são classificadas em grupos ou séries.
Em João Pessoa, no bairro dos Funcionários IV, uma quadrilha vem chamando atenção. A Fulô do Cerrado surgiu no ano de 2015, e sempre envolveu moradores da comunidade. Presidida por Francisco Cerrado, a quadrilha hoje conta com trinta em dois componentes, dois casais destaques, um marcador e uma equipe de produção. Logo em seu primeiro ano de existência, a Fulô do Cerrado já competiu no Concurso de Quadrilhas Juninas de João Pessoa, festival realizado pela Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), em parceria com a Liga das Quadrilhas Juninas. Em 2017, chegaram a apresentar-se pelo Grupo A, mas, não conseguiram se manter na posição e acabaram descendo para o Grupo B.
Com o espírito renovado, a quadrilha traz esse ano o tema “Fulô do Cerrado e a cidade da fé”, na certeza que conseguiram novamente subir para o Grupo A do Concurso. Já nos ensaios, a devoção aos santos juninos São Pedro, São João e São José, e principalmente, à Nossa senhora Aparecida, que traz a Fulô do Cerrado, contagia e emociona a todos que estão presentes na Associação dos Moradores dos Funcionários IV, local de ensaio da quadrilha.
A dedicação dos componentes ao irem caminhando um longo percurso até chegar aos ensaios no período da noite, o cuidado de Dona Fátima (que passa as madrugadas costurando com amor cada mínimo detalhe dos figurinos), a marcação de passos, o choro da sanfona, o grito de guerra, o suor e os sorrisos de alegria, certamente serão combustíveis para que a Fulô do Cerrado alcance a sonhada volta ao grupo A.
O XXII Concurso de quadrilhas Juninas de João Pessoa acontecerá nesta quarta-feira (13), às 19h. O festival que acorrerá no Ponto de Cem Réis é gratuito e contará com 26 quadrilhas juninas de 18 bairros da capital paraibana. Hoje, o espetáculo ficará por conta de nove quadrilhas do Grupo A, e na quinta-feira (14) será a vez das oito quadrilhas do Grupo B e uma do Grupo A. O resultado das vencedoras do grupo A será divulgado na quinta-feira (14) e do grupo B na sexta-feira (15). De acordo com a prefeitura de João Pessoa, este ano o prêmio do primeiro lugar do Grupo A será R$8.000,00 e R$ 5.000,00 para a primeira colocada do Grupo B.
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